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DRA. LUIZA MILAN EXPLICA PORQUE O BRASIL VOLTOU A TER CASOS DE SARAMPO

São João da Boa Vista confirmou o primeiro caso de sarampo. O paciente é um homem, natural de São Paulo, que veio visitar os pais mas já retornou à capital paulista.

Segundo a Vigilância Epidemiológica, o município ainda aguarda os exames de mais seis suspeitos. Dois deles são de São João e quatro importados.

Mas por que a doença contagiosa ter voltado ao cenário nacional depois de quase 30 anos?

Nossa equipe conversou com uma especialista da área de saúde pública.

https://youtu.be/kjHzEpG0pD8

 

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Baixo índice de vacinação pode trazer de volta doenças já erradicadas

O Brasil possui um dos mais respeitados calendários de vacinação do mundo. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é reconhecido internacionalmente por eliminar, ao longo dos anos, doenças como a rubéola, poliomielite, rubéola congênita e sarampo, além de reduzir outras doenças como caxumba, difteria e tétano. Porém, devido aos mitos sobre a vacinação e a falsa sensação de que as vacinas não são mais necessárias, o Brasil tem registrado queda nas taxas de imunização.

Muitos são os boatos e justificativas para se evitar a vacinação. Uma ideia comprovadamente falsa, mas bastante propagada e que ainda afeta a população, é o rumor de que a vacina tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola pode desenvolver autismo. Essa associação da imunização com a síndrome começou com um artigo publicado em 1998 pelo médico inglês Andrew Wakefield na revista The Lancet, uma famosa revista britânica.

O assunto gerou polemica e cientistas passaram a questionar a forma com que o pesquisador obteve os fragmentos de sangue a serem analisados e falhas técnicas foram apontadas. Em 2010, a The Lancet se retratou publicamente e apagou o artigo. Além disso, o Conselho Médico Geral do Reino Unido cassou a licença profissional de Wakefield e ele não pode mais exercer a profissão em solo inglês.

Depois da divulgação desse artigo muitos pais deixaram de vacinar seus filhos, levando ao reaparecimento do sarampo no Reino Unido.

Infelizmente, tantos boatos e notícias com pouco embasamento fazem com que o movimento antivacina cresça mundialmente. No Brasil, onde sempre existiu um programa exemplar de vacinação, agora registra uma grande queda nas taxas de imunização.

Além disso, outro desafio da vacinação é a falsa sensação de que as vacinas não são mais necessárias. Estamos falando de doenças como sarampo, pólio, difteria e tétano. São vacinas básicas, mas que muitas vezes acabam sendo negligenciadas. Juntamos isso com a não valorização dessas doenças consideradas extintas e que, por não serem mais vistas, acabam não gerando medo na população, que passa a achar que não é mais necessário se prevenir.

Em 2017, pela primeira vez, todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano ficaram abaixo da meta. Além disso, também no ano passado, a vacinação contra poliomielite em crianças ficou abaixo de 50% em 312 municípios, o que alertou para o risco do retorno da doença, que está erradicada no Brasil desde 1990. Os dados são do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.

A pediatra Dra. Luiza Helena Milan concorda que a falta de percepção do risco pela população é um dos principais problemas.

“Há tempos acompanhamos esse fenômeno chamado medo que faz com que se adie ou não se receba uma vacina. É uma tendência do ser humano: agir impulsionado quase sempre pelo senso de urgência e pelo medo iminente da perda. Essa situação é claramente percebida em situações de surtos. No início há uma procura desesperada pela vacina e que se abranda e desaparece com o passar dos dias. Daí a importância da educação para a prevenção. Não há dúvida de que as pessoas sabem que “prevenir é melhor que remediar“, mas falta a correta noção de tempo”. 

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